quarta-feira, 30 de maio de 2007

Psicomotricidade - Uma Ciência a serviço da Vida!!!
Por Fátima Gonçalves
Professora de Educação Física Especialista em Coordenação de esportes.Pós graduanda em PsicomotricidadeParticipante da II Jornada da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade do Estado de São Paulo
Postado pela aluna Ariane Vieira da Silva Santos
3º ano de Pedagogia - Turma: 01

A Psicomotricidade é uma ciência cabível em qualquer época da nossa vida. Seja na infância, adolescência, adulta ou velhice, pode-se lançar mão dessa ciência como terapia, ou simplesmente para uma melhoria na qualidade de vida.
Na infância, a psicomotricidade é de vital importância para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. Estruturando-se sobre três pilares: o querer fazer (emocional), o poder fazer(motor) e o saber fazer(cognitivo), essa ciência leva a criança a um desenvolvimento global e multidisciplinar.


O corpo é nosso universo particular. Nele nos movemos, sentimos, agimos, percebemos e descobrimos novos universos. Tudo está devidamente gravado nesse corpo, e é na infância que determinamos o que será bem gravado e o que nem tanto. A psicomotricidade auxilia esse universo em formação a se descobrir por inteiro, através de estimulação e exploração concreta do mundo.
Aprender, movimentar, sentir esse universo e partilhar com outros, será determinante na estruturação desse sujeito que se forma.


Na adolescência começamos uma nova fase da nossa vida. Um novo nascimento se dá, isto é, depois do nascimento biológico (dependente e em formação do aparelho psíquico), temos o nascimento para a vida em sociedade. Novos conflitos aparecem, tais como: perda do corpo infantil; perda da identidade infantil; perda dos pais infantis. È hora de ser adulto, mas ainda se sente criança, ou vice-versa. Todos esses conflitos interiores vão criar uma desorganização e transformação na imagem corporal, levando-nos a uma nova identidade.


Novamente a Psicomotricidade se mostra um apoio importante para a assimilação dessa nova fase. Agindo na aceitação dessa nova imagem, através da aprendizagem da relação, observação de si mesmo, consciência de quem somos e o que queremos, ela nos leva a nos reestruturar. Então aquele nosso universo, apesar de já conhecido, aparece repaginado, onde o concreto infantil dá lugar à subjetividade do adulto.


Na fase adulta, encaramos novos desafios, tornando-se nossa face profissional e financeiro a prioridade momentânea. O corpo deixa, então, o seu caráter de universo de todas as sensações vividas, para se tornar um apelo social estético. Novamente a nossa imagem corporal é abalada e modificada, criando muitas vezes conflitos e distorções.


Outro aspecto importante a salientar nessa fase, é a tensão gerada por essas novas prioridades, levando-nos a maus hábitos, stress e tensões no dia a dia. Isso acarreta um descontrole tônico e emocional gerando prejuízos a nossa saúde. Lançamos mão da psicomotricidade, nesse momento, a fim de resgatar a nossa verdadeira essência. Reequilibrando e reorganizando o corpo através de terapias que vão gerar auto-conhecimento e fortalecimento da auto-imagem. A Eutonia é um exemplo dessas terapias aplicadas a adultos, pois educa e traz à consciência o funcionamento do corpo; leva o sujeito a reconhecer e intervir nos processos psíquicos, aliviando tensões e reconhecendo seus espaços internos e externos e preparando-o para uma nova fase. A velhice se torna outro marco de desestruturação da imagem corporal. Alguns mitos rondam essa fase de nossa vida, são eles: todos os velhos são iguais; homens e mulheres envelhecem do mesmo jeito; os idosos não aprendem mais e não contribuem em nada; tornam-se um ônus econômico para a sociedade; não tem sexualidade, etc. Todas as essas crenças levam a alterações anatômicas, funcionais e emocionais.


Na velhice encontramos a gerontopsicomotricidade, que vem ajudar os sujeitos, dessa fase, nas perdas psicomotoras que acontecem durante o processo de envelhecimento, principalmente na retrogênese. A longevidade é uma conquista da ciência, e uma preocupação também, pois temos que durar muito, mas principalmente, durar bem. A gerontopsicomotricidade resgata o tempo do agora, auxiliando os idosos a se redescobrirem. Através do corpo e do movimento, os indivíduos recuperam sua autonomia, seu desejo, sua motivação, seu prazer e sua alegria. Transformam sua imagem corporal, levando-os a um maior cuidado com seus corpos e adquirindo maior auto-estima. A velhice se torna, então, sinônimo de novas descobertas. Como podemos perceber, a nossa imagem corporal é lábil; está sempre em transformação. Nas várias fases da nossa vida, os contextos emocionais vividos, vão se chocando com os nossos sentimentos, emoções e valores, fazendo novas associações simbólicas e imagens, criando, assim, um novo corpo representativo. Esse processo de transformação da imagem poderá ser auxiliado pela psicomotricidade a qualquer tempo. A Psicomotricidade nos faz voltar ao início de todas as sensações, ao corpo onde se inscreve tudo o que verdadeiramente somos.


"Como é que teu rosto não és tu"? Quem está por trás de teu rosto?


Imagina-te vivendo num mundo onde não há espelhos. Sonharias com teu rosto e o imaginarias como reflexo externo do que há dentro de ti. E depois, quando tivesses quarenta anos, alguém colocaria pela primeira vez, um espelho a tua frente. Imaginas o susto que levarias! Verias um corpo completamente estranho. E saberias com certeza o que não é capaz de compreender: teu rosto não és tu!"(Milan Kundera; A Imortalidade).

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