Postado pela aluna do 3º ano de pedagogia:
Patrícia Bazoti Pedro
Oferecer às crianças oportunidade de viver
diferentes papéis contribui para a construção
da identidade, tema a ser trabalhado no dia-a-dia
e não necessariamente em um projeto específico
Que professor de Educação Infantil nunca deparou com meninas que gostam de jogar futebol e
meninos que preferem uma boneca a um carrinho? A situação pode ser comum, mas a atitude tomada pelos educadores diante dela varia bastante.
Para muita gente, as crianças que aparecem nas fotos à direita não estão cumprindo bem o papel definido pela sociedade para o sexo feminino e o masculino.Helena Gasnoch, 4 anos, a graciosa bailarina, não foi repreendida pelos professores com frases do tipo “mais modos, menina!”
e “princezinhas não jogam bola”.
Nem o Super-Homem Lucas Abrão Martins, também de 4 anos, ouviu que “casinha é coisa de menina”. Na Escola Trilhas, em Curitiba, onde estudam, os brinquedos, os cantinhos
e as atividades não são classificados por sexo e representar livremente a realidade é um direito.
São os adultos que esperam de meninos e meninas comportamentos específicos. Os pequenos não estão nem um pouco preocupados com as regraspecíficos. Os pequenos não estão nem
um pouco preocupados com as regras que definem papéis diferentes para eles ou elas. O que querem é se divertir! Por sinal, até os 3 anos, em média, as crianças não encaram as características
biológicas como diferenças. Mas, se repreendidas ou ridicularizadas quando não fazem as escolhas
consideradas corretas, aprendem, além de homens e mulheres não serem iguais, que existe um modelo de masculinidade e feminilidade e uma relação de poder entre eles. E ai de quem ousar romper com valores construídos há séculos! Trabalhar esses padrões e expectativas é função do professor porque disso depende também a construção da identidade dos pequenos. Essa tarefa
se cumpre nas relações do dia-adia e não por meio de um projeto esporádico ou de uma seqüência didática.“
A formação da identidade passa pela descoberta do próprio corpo, de sua importancia no mundo e da individualidade, mas também pela observação de atitudes, costumes, referências e exigências em casa e na escola”, diz a coordenadora pedagógica Silvana Augusto, de São Paulo.
Como na vida real
O maior medo dos pais que vêem seus garotos brincando de casinha é de que eles se tornem homossexuais.
Esse é o principal argumento dos que se indignam e defendem a intervenção, rápida e firme, da escola nessa situação. “Há professores que não questionam os modelos sociais e acabam
interferindo nas atividades consideradas inadequadas para atender às famílias. Esse comportamento é resultado de sua própria vivência em casa”, explica Ana Maria Niemeyer, da Universidade de Campinas (Unicamp). É realmente difícil romper com padrões tão enraizados, mas essa
postura é ultrapassada.Pessoas que estudam, lêem e se atualizam sabem que a sociedade está mudando, as- pecíficos. Os pequenos não estão nem um pouco preocupados com as regras
que definem papéis diferentes para eles ou elas. O que querem é se divertir! Por sinal, até os 3 anos, em média, as crianças não encaram as características biológicas como diferenças.
Mas, se repreendidas ou ridicularizadas quando não fazem as escolhas consideradas corretas, aprendem, além de homens e mulheres não serem iguais, que existe um modelo de masculinidade e feminilidade e uma relação de poder entre eles. E ai de quem ousar romper com valores
construídos há séculos!
Asim como os papéis do homem e da mulher. “Discutir as relações de gênero é, antes de tudo, atribuir novos significados à nossa própria história e cultura”, explica Daniela Finco, pesquisadora
do Grupo de Estudos de Educação Infantil da Unicamp.
A brincadeira é uma representação da vida. Por meio dela, as crianças dão sentido às experiências por que passam e reproduzem sua relação com as pessoas ao redor. Impedir que meninos ninem uma boneca, por exemplo, é uma das piores formas de censura. Os garotos têm visto pais, tios e amigos de família dividindo os cuidados dos filhos com as mulheres. Ao reproduzirem esse novo modelo de masculinidade, no entanto, são rotulados de anormais.
“Há muitos estudos sobre a discriminação contra a mulher, mas só recentemente começamos a discutir o preconceito contra os homens”, afirma a socióloga Rosemeire dos Santos Brito, de São Paulo. Ela estudou por que os meninos são as principais vítimas do fracasso escolar no
Ensino Fundamental. Um dos motivos, de acordo com a pesquisa, seria o preconceito dos professores, que acreditam em um único modelo masculino nas classes sociais populares:
o do machão, que não valoriza os estudos, atormenta as meninas e vive competindo e lutando com outros garotos.“Apesar de condenar esse comportamento, a escola ajuda a construí-lo quando reafirma a divisão entre os sexos e encara isso como natural ou sem solução”, diz Rosemeire.
O exemplo mostra preconceito sexual e social. Segundo a pesquisadora, em escolas onde estudam
os filhos das classes privilegiadas, os meninos que gostam de ler, estudar e cuidar com zelo dos cadernos são valorizados, diferentemente do que acontece na periferia. O professor recrimina
o modelo de machão, que não gosta da escola e das meninas, mas é o primeiro a questionar a sexualidade do aluno quando ele se mostra diferente desse padrão.
As meninas também se transformam em vítimas quando são tratadas como inferiores aos meninos e,
pior, quando são convencidas de que isso é verdade por questões biológicas.
Elas não podem falar alto, são estimuladas a serem educadas,meigas e emocionais.Além disso, aprendem que as tarefas domésticas serão suas incumbências no futuro. É como se não houvesse outra possibilidade de vida além de ser mãe e esposa.
domingo, 17 de junho de 2007
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