terça-feira, 12 de junho de 2007

Aprendizagem social nos programas pré-escolares






Reportagem da revista Pátio

Postado pela aluna Geilze Cristine Sicupira Pôrto -3° ano de Pedagogia-t:1


Ano V - Nº 13 - Educando Crianças de 0 a 3 anos - Março à Junho de 2007

Aprendizagem social nos programas pré-escolaresOlivia N. Saracho e Bernard Spodek
Na aprendizagem social, as crianças pequenas aprendem sobre si mesmas, sobre o mundo a sua volta e sobre sua relação com ele por meio do retorno que este lhes oferece
A aprendizagem social na educação da primeira e da segunda infância promove a competência prática e emocional das crianças, sua percepção de si mesmas e sua aceitação dos outros. Identificamos três áreas de aprendizagem social/pessoal (Saracho e Spodek, 2007b): competência social, incluindo as habilidades sociais necessárias para interagir adequadamente com os outros; senso de moralidade e de valores; compreensão dos papéis e regras de uma comunidade.Além disso, nos primeiros anos de vida, as crianças podem começar a compreender conceitos básicos derivados das ciências sociais. O Conselho Nacional de Estudos Sociais (1984) recomenda que um programa de aprendizagem social na educação pré-escolar inclua socialização, valores sociais e autoconsciência. As crianças pequenas precisam desenvolver conhecimentos e habilidades para funcionar em seu meio social, assim como interagir com os demais e sentir as conseqüências dessas interações. Elas precisam aprender a conviver e a trabalhar com os outros em sociedade, aprendizado que se inicia na família e continua na escola. Também precisam assimilar os conceitos compatíveis com o seu nível de suas ações.Uma importante responsabilidade no desenvolvimento de crianças pequenas é vincular as regras sociais, as crenças e os valores que aprendem com os adultos aos seus próprios insights e à sua interação com amigos. Os professores podem promover a adaptação e a competência social criando contextos que atendam às necessidades comportamentais e sociais das crianças pequenas. Eles também podem orientá-las na interação e na construção de relacionamentos que promovam papéis sociais benéficos e, ao mesmo tempo, previnam comportamentos sociais problemáticos. Para Hein (1991), o ensino dos professores deve refletir suas percepções de mundo e orientar a aprendizagem social das crianças por meio dessas percepções. O autor recomenda um conjunto de princípios do pensamento construtivista que os professores devem levar em conta para ajudar as crianças a construir significados sociais (Saracho e Spodek, 2007a):
As crianças envolvidas no processo de aprendizagem usam as informações sensórias para construir significado.
As crianças envolvem-se no processo de aprendizagem, no qual constroem significado e sistemas de significado.
As crianças aprendem com experiências práticas, mas a construção de significado necessita de um processo intelectual.
As crianças usam a linguagem em seu processo de aprendizagem, o que pode exigir que elas aprendam em sua língua dominante.
As crianças aprendem em um ambiente social por meio de interações. Assim, as facetas sociais da aprendizagem incluem conversas, interações e aplicações práticas do conhecimento.
As crianças aprendem melhor ao natural. Elas aprendem conforme conhecimentos prévios, crenças, preconceitos e medos.
As crianças usam seus conhecimentos prévios como base para assimilar novos conhecimentos.
As crianças revisitam, testam, experimentam e usam idéias no decorrer do tempo.
As crianças precisam de motivação para aprender e compreender novas idéias e informações.Mitchell (1967) acreditava que as crianças pequenas podem aprender com atividades geográficas. Os alunos participavam de passeios nos quais reuniam informações a serem interpretadas. Eles aprendiam sobre geografia observando e criando mapas, depois comparando suas representações com o mundo real e aprendendo sobre localização, distâncias e direção. Os programas de estudos sociais para crianças pequenas costumam centrar-se nas necessidades humanas básicas, que incluem as do lar, da comunidade, da sociedade mais ampla e de comunidades mais distantes no tempo e no espaço. Os programas de estudos sociais para a pré-escola começam com as experiências das crianças, incluindo as relacionadas com seus lares e famílias, escola e bairro, e podem ser ampliados para que incluam a vida familiar em outros países, um estudo comparativo de comunidades mais amplo e conceitos das ciências sociais. Esses programas também incluem o seguinte (Saracho e Spodek, 2007b):
Ensino de história: as crianças pequenas aprendem melhor os conceitos de tempo e história quando são apresentados de acordo com o seu nível de desenvolvimento. Elas são capazes de diferenciar passado e presente a partir dos 4 anos e compreendem os ciclos e natureza seqüencial dos fatos a partir dos 5 ou 6 anos. Quando lhes são apresentados idéias e fatos históricos, elas podem desenvolver a compreensão de importantes conceitos de tempo.
Ensino de geografia: as crianças pequenas podem desenvolver conceitos do espaço topológico. Quando começam a entender como as coisas se relacionam umas com as outras no espaço, esse é o início do aprendizado de geografia. Também podem aprender sobre seus arredores pela interpretação de mapas simples. Segundo Mitchell (1967), o mundo é um laboratório que ajuda as crianças pequenas a desenvolver sua compreensão geográfica.
Socialização política: pesquisas fornecem evidências de que as crianças são pensadores políticos intuitivos (Sunal, 1993). Elas são capazes de compreender o processo eleitoral, além das qualificações de candidatos regionais e nacionais.
Economia: estudos indicam que crianças com apenas 5 anos são capazes de aprender conceitos econômicos e utilizá-los para tomar decisões. Elas experimentam processos econômicos diariamente quando acompanham os pais em lojas e compram produtos. Observam as negociações e compreendem que cada produto tem um preço e pode ser adquirido com dinheiro. Elas podem representar esse tipo de papel em peças de teatro.
Nos estudos sociais, as crianças também aprendem a tomar decisões e a tornar-se cidadãos competentes e autônomos, utilizando suas habilidades de comunicação, de pesquisa, de raciocínio, de tomada de decisões, de leitura e de relações interpessoais. Os programas de estudos sociais ajudam no desenvolvimento das crianças. As interações das crianças pequenas fornecem-lhes o conhecimento do mundo social na sala de aula, no programa de assistência infantil, na escola e na comunidade. Para cada faixa etária, as interações sociais propiciam às crianças o conhecimento sobre seu mundo social. Suas experiências cotidianas transformam a visão que têm de si mesmas e de quem são no mundo social. Mesmo em crianças de 2 anos, as experiências têm um impacto no caráter, inclusive em questões éticas. Nas creches, elas aprendem que não devem tirar uma banana do prato do colega, mas podem servir-se da travessa. Na pré-escola, dividem a responsabilidade de manter a sala de aula arrumada e em funcionamento (Saracho e Spodek, 2007a)As crianças pequenas aprendem a identificar as habilidades de que necessitam, tanto para a vida diária quanto como pré-requisito para a aprendizagem futura. Graças ao contato direto com o mundo físico, elas testam suas idéias pelo tato, pela audição ou pela visão. Graças ao contato direto com as pessoas, elas podem observar e interpretar o comportamento. As conseqüências do comportamento social e do ambiente em que esse comportamento ocorre são mais acessíveis. Na aprendizagem social, as crianças pequenas aprendem sobre si mesmas, sobre o mundo a sua volta e sobre sua relação com ele através do retorno que este lhes oferece. À medida que testam seus poderes sobre os mundos físico e social, familiarizam-se com os diferentes contextos sociais e procuram compreendê-los pela determinação dos limites entre elas mesmas e o mundo que as cerca (Spodek e Saracho, 1994).
Olivia N. Saracho é professora de Educação no Departamento de Currículo e Instrução na Universidade de Maryland (Estados Unidos).os1@umail.umd.edu
Bernard Spodek é professor emérito de Educação da Primeira Infância na Universidade de Illinois (Estados Unidos).b-spodek@uiuc.edu

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